April 29, 2009

.para a ana

vivo numa canção ausente
na insubstâcia desértica do trópico
a norte a revolta do branco
contra espingardas erguidas
na imensidão das areias magrebinas

de noite enquanto curo do sangue
olho de ti e dos teus cabelos
da cor do céu nocturno
coração aberto.
aberto.

repetição de inconstância.
constância no gostar.
sinto-me leve no teu sorriso nervoso.
juvenil-pateta porque me dizes olá
fugidiamente.

de novo, aprendi quem sou
à espera de um homem que nunca fui.
nunca fui muito de esperas indizíveis.
de coisas de protocolo burguês.

a dor do carro contra o peito.
cada vez que ausculto a tua não-presença.
é bom. isto aqui,
que te ofereço.
que recuperaste.