March 29, 2009

neve [es]cura iii

uma neve escura
em carvão banhada
no chão defronte ao terror
faz almas tristes.

veneno

sangue com toque de giestas
habitam heróis. bravos.
tombam como ribombos cansados de si.
neve infértil.

e na neve deitados
passam a vida em revista
[em surdina.
passam a vida em revista que agora foge
sempre fugiu.

irreversível perda
de consciência ocasional
ataraxia onde a lucidez toca.
neve infértil.
não cura.

March 26, 2009

texto menor

não é tempo de fazer pazes
ou gritar perplexo para o obtuso
[olhar das traves mestras da vida.

quiseste lembrar o recanto.
não estava lá.
não estive. deixei-te sozinha a enfrentar
[corajosamente a maré
e os voos picados para ninhos de cinza.

tirei encantos escondidos à luz da planície,
do teu regaço materno
fugidios os nossos filhos prenhes de vida
abundante.

veste o que te dou de mim,
conforta-te nesta pele rogada
viva,
morredoura ao toque teu.

March 23, 2009

ad te:
gostava de poder aliviar-te o fardo desse luto

March 22, 2009

poesia musicada [cardinal]004


waltz #2, elliot smith, XO
rel. date: 1998

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first the mic then a half cigarette
singing Cathy's clown
that's the man she's married to now
that's the girl that he takes around town
she appears composed, so she is, I suppose
who can really tell
she shows no emotion at all
stares into space like a dead china doll

I'm never gonna know you now
but I'm gonna love you anyhow

now she's done and they're calling someone
such a familiar name
I'm so glad that my memories remote
'cause I'm doing just fine hour to hour, note to note
here it is the revenge to the tune
you're no good
you're no good, you're no good, you're no good
can't you tell that it's well understood

I'm never gonna know you now
but I'm gonna love you anyhow

I'm here today and expected to stayon and on and on
I'm tired, I'm tired

looking out on the substitute scene
still going strong
XO, mom, it's ok, it's alright, nothing's wrong
tell Mr. Man with impossible plans to just leave me alone
in the place where I make no mistakes
in the place where I have what it takes

I'm never gonna know you now
but I'm gonna love you anyhow
I'm never gonna know you now
but I'm gonna love you anyhow
I'm never gonna know you now
but I'm gonna love you anyhow

------/*/

March 21, 2009

[no final de contas]

no final de contas
criadas as ilusões de óptica
não restam canções
olhares ausentes.

teimosia de recordação.
prosaico.
frios nunca me tocaram,
como o outono recorrente.

mordida a cinta de socorro,
galopante rastreio
ao cabelo liso-negro
teu.

a permanência no registo constante
asco e promessa rechaçada.
não é bom o prognostico.

a repetição das palavras
em lanças feitas,
não altera nada,
na ilha interior de vida
[coberta e ladeada.

tudo corre bem, quando o desejo é pouco

March 20, 2009

[um prazenteiro passar de tempo]

um prazenteiro passar de tempo
nós e o eterno.
romper preceitos em ti instalados.
foge com a preocupação de não ter ninguém.

pouco consolo.

uma entorse solta-se no peito amplo,
pleno
mas a dor queda-se por mais uns instantes.
muitos.

palmas abertas.
tens-me.

March 16, 2009

.neve [es]cura ii

as palavras são tão pouco
ouves o papel de arroz a queimar?
o tabaco. bom.
algo dentro dentro de si.

tive algo dentro de mim.
fome. lembras-te?
muita pergunta em pouca linha.

lamento.

quantas vezes houve que pensasse
[em ti
sem que me visse em queda.
madura.
segura com força. o ar.

da força nada importa
com as flores e os magalas em marcha.
parada limpa.
seca. estéril. pura.
tudo
[tu.

tu. ainda tu?
espero nós sempre
de neve envoltos
cura.

March 12, 2009

a dor do devir é tamanha quanto o querer ser

March 11, 2009

.neve [es]cura i

é coisa pouca
esta que sinto em ti.
levada pela ansia do que não chega,
[nem toca. toca. toca-me.
chega-te. chegas-me.

ele há fome nas ruas, e filas para pão.

há fome em mim, de pão e de mãos.
das tuas que não riem nem replicam a tentativa de
cura.

curas-me?

uma neve escura, manchada em mim.

March 9, 2009

OUT.RA sexta

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