e são as palavras que te atiram para o fundo de algo por vir
sem malha nem rede a cobrir-te. apenas palavras, versos ou efeitos riscados pelo paladar do caiado vento ao tocar em ti
a prosa de nada de serve quando não se sabe ler ou escutar as vozes incautas que afectam as cores do mundo e o sorriso dos cães com
cio
ontem ou antes vi-nos de mão dada a visitar uma estrela. quero ser contigo e contigo tudo ser sem intervalos.
quero o tudo contigo ate ao fim de tudo. depois de tudo ficamos nós.
dizia o manel* que somos nós o fim que existe em nós. dá-nos poder, sabes. pensar isso, senti-lo, sobretudo. perceber que marcamos a diferença mesmo que permaneçamos em silêncio. e por falar nisso (afinal, o silêncio é falável, dizível, entendível, intelegível), não digas nada. dizer por dizer, senta-te antes aqui e nota
a estrela a ganhar dimensão e fecha os olhos. ficas tu e o teu fim.
eu vou ficando também,
enquanto me deixares.
(*manel cruz)
Pedro Andrade e Maria Rocha, 2009